
Mesmo antes da estreia do novo modelo de comercialização dos direitos de transmissão, o Flamengo já colhe os frutos de sua força midiática. Em 2024, o clube foi o que mais arrecadou com cotas de TV no Campeonato Brasileiro, somando impressionantes R$ 292 milhões — dos quais R$ 197 milhões vieram do pay per view.
O Rubro-Negro lidera o ranking à frente de Corinthians (R$ 210 milhões), Palmeiras (R$ 170 milhões), Grêmio (R$ 134 milhões) e São Paulo (R$ 128 milhões). Desses cinco clubes, quatro fazem parte da Libra, grupo que passa a negociar os direitos coletivamente a partir de 2025. O único integrante da Liga Forte União (LFU) no top 5 é o Corinthians, que migrou para a Libra em julho do ano passado.
Na soma por blocos, os clubes da Libra arrecadaram R$ 1,058 bilhão, enquanto os da LFU chegaram a R$ 1,090 bilhão. Embora os números pareçam equilibrados, o modelo de distribuição adotado até 2024 evidenciava grandes disparidades. O Athletico-PR, rebaixado à Série B e que não assinou com a Globo, recebeu pouco mais de R$ 30 milhões — uma diferença de R$ 262 milhões em relação ao Flamengo.
A partir de 2025, o contrato do Brasileirão será negociado diretamente pelas ligas. A previsão é que os clubes recebam entre R$ 80 milhões e R$ 200 milhões, a depender de desempenho em campo, audiência e pacotes vendidos no pay per view.
Embora o novo modelo busque reduzir a desigualdade entre os clubes, o Flamengo já projeta uma queda considerável na receita. O clube esperava manter ganhos acima dos R$ 200 milhões, mas os termos atuais da Libra indicam que isso pode não se concretizar. Internamente, o Rubro-Negro já articula renegociações com a cúpula da liga, tentando minimizar os impactos financeiros da nova distribuição.
Em 2024, o último contrato ainda foi praticamente exclusivo da Globo, com exceção do Athletico. Para 2025, a Libra fechou com a Globo os direitos como mandante de seus nove filiados, com contrato estimado em R$ 1,1 bilhão por ano, podendo chegar a R$ 1,3 bilhão com o Premiere.
Já a LFU optou por um modelo pulverizado: Record na TV aberta, CazéTV no YouTube, Amazon Prime com uma partida exclusiva por rodada e Globo com imagens em diversas plataformas — mas sem exclusividade. No total, o grupo estima movimentar até R$ 1,7 bilhão.
Apesar da expectativa de maior equilíbrio entre os clubes, a média projetada para 2025 é de R$ 130 milhões por clube, com o valor mínimo girando em torno de R$ 80 milhões — bem distante do que o Flamengo vinha arrecadando.
O Rubro-Negro segue atento às negociações e aos impactos que o novo cenário trará. Mais do que nunca, o desempenho dentro de campo e a força da torcida nos pacotes pay per view podem ser decisivos para manter a liderança também fora das quatro linhas.