
O Flamengo encara clássico no Maracanã após garantir a classificação às oitavas de final da Libertadores com uma vitória suada sobre o Deportivo Táchira. Mas, nos bastidores do futebol brasileiro, uma história inusitada e hilária envolvendo Vinícius Júnior e o técnico Abel Braga voltou a viralizar entre os torcedores.
Barbieri relembra ameaça de Abel a Vinícius Jr.
Maurício Barbieri, que teve sua primeira grande experiência como treinador justamente no Flamengo em 2018, revelou um episódio curioso nos tempos em que dirigia a equipe. Durante uma partida contra o Fluminense, realizada em Brasília, o então técnico adversário Abel Braga perdeu a paciência com a irreverência de Vinícius Júnior em campo.
“A gente foi jogar contra o Fluminense, em Brasília, estávamos ganhando de 2 a 0 e ele com aquela postura irreverente de sempre, indo para cima, mas isso começou a irritar os jogadores do Fluminense. O treinador do Fluminense era o Abel Braga, que é uma pessoa sensacional, mas ele virou para mim no banco e falou: ‘Maurício, ele tá exagerando! Vou mandar descer a porrada nele!’. Eu pedi calma e disse que ia mandar o Vinícius se acalmar um pouco”, contou Barbieri ao Zona Mista, do Canal UOL.
Confiança no talento de Vinícius
Na mesma entrevista, Barbieri afirmou nunca ter duvidado do potencial de Vinícius Júnior. O técnico reconheceu que, mesmo sem ter total certeza de onde o atacante poderia chegar, sempre acreditou no diferencial do jovem criado na base rubro-negra.
“Lembro que a chegada do Vinícius no Real Madrid foi de muita desconfiança, com muitas pessoas dizendo que ele não daria certo lá. Não posso dizer que eu tinha certeza do que ele se tornaria, mas sempre acreditei muito porque ele era diferente”, disse Barbieri.
O treinador destacou ainda o orgulho por ver o jogador se tornando referência não só dentro de campo, mas também fora dele, especialmente na luta contra o racismo na Espanha.
“Tudo que ele construiu dentro de campo, mas principalmente as bandeiras que ele tem levantado, é motivo de orgulho para todos os brasileiros. Ele está fazendo uma carreira linda lá fora, mas também segue se posicionando contra algo abominável que é o racismo”, completou.
Crítica ao excesso de tática na base
Barbieri também aproveitou o bate-papo para criticar o atual modelo de formação nas categorias de base no Brasil. Para ele, o excesso de foco no coletivo e em rigidez tática tem sufocado o surgimento de jogadores com características mais livres e criativas, como era o caso de Vinícius.
“Acho que a gente perdeu um pouco dessa irreverência. Tem muito a ver com uma mudança de metodologia que a gente sofreu nos últimos anos. Anteriormente, era um jogo mais orgânico e solto na base, mas há alguns anos teve uma entrada muito forte da metodologia. Isso começou a colocar o foco na questão do coletivo, o que eu acho que está errado. O principal objetivo da base não é formar boas equipes, mas sim formar bons jogadores”, explicou.
Vinícius é exceção em cenário de escassez
O ex-comandante do Mengão lamentou que casos como o de Vini Jr. sejam cada vez mais raros, fruto de uma mudança estrutural que deixou de privilegiar a individualidade técnica que sempre caracterizou o futebol brasileiro.
“O objetivo ficou excessivamente em formar boas equipes e fomos perdendo o foco em desenvolver grandes talentos individuais, algo que sempre foi característica do futebol brasileiro”, afirmou Barbieri.
O legado de Vinícius Júnior
Enquanto brilha na Europa, Vinícius Júnior também se mantém como símbolo da resistência contra o racismo e do orgulho nacional. O episódio com Abel Braga, que hoje é visto com humor, só reforça o quanto o jogador sempre teve personalidade forte dentro de campo — algo que o fez conquistar o mundo, sem nunca deixar de representar o espírito ousado da Nação Rubro-Negra.
Barbieri, por sua vez, reforça: a formação de craques precisa voltar a valorizar o talento nato, a criatividade e a liberdade de expressão dentro de campo. Vinícius foi um dos últimos frutos puros dessa linhagem. E que venham outros.