
A saída de Daniel Alegria da comissão técnica do Flamengo marcou uma mudança de perfil que vai além da troca de nomes. Apesar dos bons resultados em jogadas de bola parada, o auxiliar foi desligado nesta semana e substituído por Rodrigo Caio, que passa a integrar a comissão técnica permanente do clube, não apenas a equipe de Filipe Luís.
Alegria acompanhava o treinador desde a base e era o responsável por preparar o time nas bolas paradas, tanto ofensivas quanto defensivas. Mesmo assim, a decisão de Filipe foi técnica: ele desejava um auxiliar com vivência prática de campo, algo que Rodrigo Caio, ex-zagueiro multicampeão pelo clube, traz na bagagem.
Bolas paradas representaram 15,5% dos gols do Flamengo
Desde a chegada de Filipe Luís ao comando do time profissional, o Flamengo marcou 69 gols em 41 jogos. Desses, 20 foram originados em bolas paradas, incluindo pênaltis e faltas diretas. Se excluirmos essas cobranças isoladas, restam nove gols com jogadas ensaiadas: seis em escanteios e três em faltas levantadas na área — o que representa 15,5% do total ofensivo.
Para efeito de comparação, o Campeonato Brasileiro de 2024 teve 929 gols, sendo 131 originados em bolas paradas (sem contar pênaltis e faltas diretas), o que representa 15,8% do total — número praticamente idêntico ao do Flamengo de Alegria.
Léo Ortiz lidera gols de bola parada na Era Filipe
Entre os destaques ofensivos nessas jogadas está Léo Ortiz, que marcou três gols com origem em bola parada. Ele balançou as redes contra o Internacional (duas vezes) e contra o Botafogo, sempre bem posicionado em escanteios ou faltas laterais. Também marcaram gols nesse fundamento Gerson, Pulgar, Danilo, Léo Pereira, Wallace Yan e Alcaraz.
Mesmo sem um “especialista fixo” em cobrança, a equipe demonstrou evolução em treinos ensaiados, mérito atribuído a Daniel Alegria, que coordenava essa área específica desde os tempos de base.
Defensivamente, desempenho também foi positivo
Nos mesmos 41 jogos, o Flamengo sofreu 21 gols, sendo apenas cinco originados em bola parada. Destes, dois foram de pênalti e os outros três em faltas levantadas na área. Curiosamente, o time não tomou nenhum gol de escanteio até aqui com Filipe Luís no comando.
Esses três gols sofridos em jogadas ensaiadas equivalem a 15,7% dos gols contra — número também dentro da média nacional. Para comparação, o Botafogo, campeão brasileiro de 2024, sofreu apenas 12,5% dos gols dessa forma, enquanto marcou 25,9% dos seus gols em bolas paradas.
Entre os gols sofridos pelo Flamengo nesse tipo de lance estão o de Edson Carioca (Juventude), Nuno Moreira (Vasco) e José Florentín (Central Córdoba). Este último foi, inclusive, decisivo na derrota que complicou a vida rubro-negra na fase de grupos da Libertadores.
Sem substituto direto, função será redistribuída
Com a demissão de Alegria, o Flamengo não terá mais um auxiliar exclusivo para bolas paradas. A função será dividida entre os demais membros da comissão, incluindo o próprio Filipe Luís e possíveis contribuições pontuais de Rodrigo Caio.
Segundo o clube, a chegada do ex-zagueiro “faz parte de um projeto estratégico da diretoria de futebol, que busca profissionais preparados, com identidade rubro-negra e histórico de conquistas com o manto sagrado”.