
Enquanto o futebol nacional alcança arrecadações recordes, a realidade financeira dos clubes mostra um sinal de alerta que não pode ser ignorado. De acordo com levantamento da consultoria Sports Value, o futebol brasileiro bateu a marca de R$ 12 bilhões em dívidas em 2024 — o maior endividamento da história.
O estudo avaliou os 20 clubes mais ricos do país, que juntos geraram R$ 10,9 bilhões em receitas no ano passado. Apesar do faturamento elevado, o crescimento dos passivos foi ainda maior: 22% acima de 2023, quando a soma das dívidas girava em torno de R$ 10 bilhões.
Mesmo com inflação, aumento das dívidas impressiona
Mesmo ajustando os dados de 2023 pela inflação, o cenário segue preocupante. O valor corrigido seria de R$ 11,5 bilhões, ainda assim inferior ao total registrado em 2024. O número reforça a necessidade de uma gestão mais equilibrada por parte dos clubes, especialmente no controle da folha salarial, estrutura e outras despesas operacionais.
Ranking dos clubes mais endividados do Brasil
Abaixo, os dados atualizados até 31 de dezembro de 2024, segundo a metodologia da Sports Value, que considera a dívida total publicada nos balanços:
- Corinthians – R$ 1.902,1 milhões
- Atlético-MG SAF – R$ 1.400,0 milhões
- Cruzeiro SAF – R$ 981,1 milhões
- Vasco da Gama SAF – R$ 928,5 milhões
- São Paulo – R$ 852,9 milhões
- Internacional – R$ 834,8 milhões
- Palmeiras – R$ 825,3 milhões
- Bahia SAF – R$ 821,0 milhões
- Santos – R$ 645,2 milhões
- Fluminense – R$ 632,8 milhões
- Grêmio – R$ 562,3 milhões
- Red Bull Bragantino Ltda – R$ 414,2 milhões
- Flamengo – R$ 353,5 milhões
- Vitória – R$ 307,2 milhões
- Fortaleza SAF – R$ 115,3 milhões
- Ceará – R$ 56,9 milhões
- Atlético-GO SAF – R$ 30,9 milhões
O Botafogo SAF não aparece na lista por ainda não ter publicado seu balanço de 2024. O prazo legal se encerrou em 30 de abril.
Flamengo tem dívida controlada em meio ao caos
O dado mais animador para a Nação é que o Flamengo aparece longe do topo do ranking negativo. Com R$ 353,5 milhões em dívidas, o clube ocupa uma posição intermediária entre os 20 mais ricos — muito atrás de rivais como Corinthians, Atlético-MG, Vasco e Internacional.
Esse dado reforça a política de responsabilidade financeira adotada nos últimos anos, mesmo com altos investimentos no elenco e na estrutura do clube. O cuidado com a gestão tem permitido ao Flamengo manter alto desempenho esportivo sem comprometer a saúde fiscal.
Receitas não resolvem má gestão
Apesar do recorde de faturamento, o estudo da Sports Value alerta que muitos clubes continuam gastando acima do que podem. Os dirigentes precisam parar de tratar aumento de receita como licença para contratar sem limites.
Se o controle de gastos não avançar na mesma velocidade que o faturamento, o risco é de colapso. O futebol brasileiro pode até atrair investimentos e bater recordes, mas só prosperará de fato com equilíbrio, planejamento e governança séria.