
Enquanto denúncias se acumulam contra a gestão de Ednaldo Rodrigues na CBF, duas das maiores emissoras do Brasil optam por não repercutir o assunto. Tanto a Globo quanto a Record têm evitado trazer à tona investigações ou polêmicas envolvendo o presidente da entidade. A razão vai além da política esportiva: está diretamente ligada à disputa milionária pelos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2026.
Com a cobertura do Mundial se aproximando, manter bom relacionamento com a CBF e seus bastidores se tornou prioridade estratégica. Afinal, o acesso a entrevistas exclusivas, credenciais e imagens especiais pode ser decisivo para a audiência e para o faturamento das redes.
Globo e Record disputam espaço na nova era do futebol
Nos últimos anos, o cenário de transmissões esportivas mudou radicalmente. A Globo, que já reinou sozinha no Brasileirão e na Copa do Brasil, passou a dividir espaço com plataformas como Prime Video, CazéTV e até mesmo a Record. No próximo Brasileirão, a Globo exibirá nove dos dez jogos por rodada, mas já sente a perda de influência no futebol nacional.
Com o futebol cada vez mais fragmentado, a relação política ganhou peso inédito. Não basta apenas dinheiro; aproximação e favores nos bastidores se tornaram tão valiosos quanto os lances dentro de campo.
Direitos da Copa e influência da CBF
Para a Copa do Mundo de 2026, a Globo já garantiu metade dos jogos, incluindo todos da Seleção Brasileira. A Record, por sua vez, busca espaço na outra metade das partidas, reforçando a importância de manter pontes abertas com quem influencia nos bastidores.
Mesmo que oficialmente a FIFA seja responsável pela venda dos direitos de transmissão, o bom trânsito junto à CBF pode ser crucial para viabilizar cobertura, entrevistas e bastidores de alto nível — fatores que impactam diretamente a audiência e a receita publicitária.
O outro lado da moeda
A ausência de reportagens críticas, no entanto, gera incômodo em setores do jornalismo esportivo e entre torcedores atentos. Em momentos anteriores, denúncias graves envolvendo cartolas do futebol ganhavam espaço em telejornais de grande audiência. Agora, o silêncio das emissoras sugere uma escolha estratégica: preservar o acesso aos bastidores do futebol, mesmo que isso custe a imagem de independência.
Enquanto isso, reportagens de portais independentes e internacionais continuam a lançar luz sobre a gestão da CBF, incluindo suspeitas envolvendo assinatura de documentos e repasses financeiros milionários a dirigentes.
O futebol brasileiro segue disputado não apenas nos gramados, mas também nos bastidores — onde a imprensa, muitas vezes, joga um papel tão decisivo quanto os próprios jogadores.