
A decisão do Flamengo de reduzir a multa rescisória de Gerson de 200 milhões para 25 milhões de euros não foi um erro de cálculo. Pelo contrário: a diretoria rubro-negra agiu com inteligência para valorizar o jogador e, ao mesmo tempo, repassar a ele a responsabilidade de sair. Agora, com a milionária proposta do Zenit, da Rússia, o “Coringa” está prestes a deixar o clube logo após o Mundial.
Estrategicamente pensado
A diretoria do Flamengo adotou uma estratégia semelhante à do River Plate na venda de De La Cruz ao próprio Flamengo. O clube argentino dizia não querer negociar, o jogador jurava que não sairia — mas bastou o Rubro-Negro pagar à vista os 16 milhões de dólares da multa para o negócio acontecer.
Com Gerson, o Flamengo fez o mesmo: sinalizou um valor considerado justo e transferiu ao atleta a decisão de sair. O meia aceitou a oferta irrecusável dos russos, selando uma das maiores transferências da história do futebol brasileiro envolvendo jogadores acima dos 28 anos.
Uma das maiores vendas do país
Caso o Zenit confirme o pagamento dos 25 milhões de euros (R$ 160,5 milhões na cotação atual), a venda superará os R$ 115 milhões pagos pelo Palmeiras ao Atlético-MG para contratar Paulinho — até então a maior transação entre clubes brasileiros.
Mesmo que o valor total do negócio com Paulinho chegue a R$ 162 milhões com cessão de atletas, o meia de 24 anos tem potencial de revenda — o que não se aplica a Gerson, com 28 anos. Ainda assim, o Flamengo deve lucrar como poucos.
Números e títulos
A história de Gerson no Flamengo também impressiona financeiramente. O clube pagou 13 milhões de euros à Fiorentina em 2019, vendeu ao Olympique de Marselha por 20,5 milhões em 2021, recomprou por 15 milhões em 2023 e agora o repassa por 25 milhões. No total, a operação rendeu 17,5 milhões de euros (R$ 112,3 milhões), além de inúmeros títulos:
- 2 Brasileiros (2019 e 2020)
- 1 Libertadores (2019)
- 1 Copa do Brasil (2022)
- 3 Cariocas (2019, 2020 e 2021)
- 2 Supercopas (2020 e 2021)
- 1 Recopa (2020)
E o substituto?
Agora, a dúvida recai sobre como José Boto e Filipe Luís preencherão o vazio deixado por Gerson. Com Jorginho, Pulgar e Arrascaeta formando o trio principal, será preciso encontrar alguém que atue pelas beiradas e compense a ausência do camisa 8.
Dinheiro para isso o clube terá de sobra. E opções também não faltarão no mercado. A venda está sacramentada — e, nos bastidores, é quase certo que o presidente Luiz Eduardo Baptista esteja mais do que satisfeito.