
O Flamengo não apenas recusou uma investida do Atlético-MG pelo volante Allan, como também revelou um motivo de bastidor que ajuda a explicar a negativa. Com dívidas acumuladas e fama recente de caloteiro no mercado interno, o Galo enfrenta forte resistência entre os principais clubes brasileiros.
Flamengo recusa proposta por Allan e revela desconfiança
Segundo o jornalista Heverton Guimarães, a diretoria atleticana procurou representantes de Allan com a intenção de repatriar o jogador, hoje com espaço reduzido no elenco rubro-negro. O argumento apresentado pelo clube mineiro foi justamente esse: a possível falta de oportunidades para o volante no time atual. No entanto, o Flamengo nem abriu negociação. Um dos motivos, segundo apuração, é a desconfiança financeira em relação ao Atlético-MG.
Calotes em série: Galo vira alvo de reclamações
E não é só o Flamengo que demonstra receio. O clube mineiro se envolveu em uma série de pendências nos últimos meses que colocaram sua credibilidade em xeque. O Cuiabá, por exemplo, aguarda uma decisão judicial sobre a dívida de R$ 4,6 milhões referente à negociação de Deyverson, hoje no Fortaleza.
Vamos falar sobre o Deyverson, que é um caso bem emblemático com o Atlético. Estamos na expectativa — e recebi uma informação da CNRD — de que, no máximo até setembro ou outubro, teremos uma decisão. O Atlético deve ser condenado a nos pagar”, disse o presidente do Dourado.
Athletico-PR e Corinthians também cobram
Outro clube que entrou na fila para cobrar o Galo foi o Athletico-PR. Segundo Mario Celso Petraglia, o Atlético-MG sequer pagou a primeira parcela da compra de Tomás Cuello. A operação, que deveria ajudar o fluxo de caixa paranaense, acabou virando dor de cabeça.
“O Cuello, o Atlético comprou e ainda não pagou nenhuma das parcelas, que já estão vencidas. As vendas para o mercado interno estavam todas previstas no nosso fluxo de caixa, mas, infelizmente, não vão acontecer. Essa é a nossa preocupação para este ano”, comentou Petraglia.
O Corinthians também levou o caso para a CNRD (Câmara Nacional de Resolução de Disputas) em maio. O clube paulista reclama que o Galo não cumpriu os prazos acordados na transferência do volante argentino Fausto Vera.
Salários atrasados e dívida bilionária expõem fragilidade
Além das pendências com outros clubes, o próprio Atlético-MG reconheceu publicamente que passa por dificuldades internas. Em entrevista recente na Arena MRV, o empresário Rafael Menin — um dos donos da SAF — admitiu atrasos salariais com o elenco.
“Sobre o atraso de salários e de imagem, houve um atraso menor. Foram 10, 15 dias. Isso já aconteceu em 2023, 2022, 2021, e o que a gente realmente luta é para que não haja um acúmulo de atrasos”, explicou o dirigente.
Balanço oficial e números preocupantes
Em maio, o clube divulgou o balanço financeiro da SAF com dívida oficial de R$ 1,3 bilhão. No entanto, uma consultoria externa apontou um cenário ainda pior: o passivo real estaria próximo de R$ 2,3 bilhões. Menin explicou a discrepância citando a Arena MRV, mas não escondeu a frustração com os erros cometidos.
“Quero fazer um mea-culpa. Erramos bastante e aprendemos muito. Ficamos tristes com várias coisas que aconteceram. Como torcedor apaixonado e investidor da SAF, você não imagina o quanto isso me dói”, desabafou.
Saídas à vista e janela sem promessas
Sobre o futuro do elenco, Menin não garantiu reforços de impacto, mas confirmou possíveis mudanças pontuais. A prioridade é manter a responsabilidade financeira.
“Pode ser que saiam dois ou três jogadores. E pode ser que cheguem dois ou três novos, sempre com o objetivo de melhorar o elenco. Vamos tentar fazer uma janela em que o Galo consiga alguns ajustes para ter um time um pouco mais competitivo do que o atual, mas eu realmente acredito que o Galo tem um bom elenco, com suas fraquezas e suas fortalezas”, concluiu.
Clássico nacional nas oitavas da Copa do Brasil
Enquanto enfrenta turbulências fora de campo, o Atlético-MG terá pela frente o duelo mais difícil possível nas oitavas de final da Copa do Brasil. O adversário será justamente o Flamengo. Em campo, os mineiros tentarão desafiar a força esportiva e financeira do Rubro-Negro — o mesmo que, fora das quatro linhas, recusou ajuda e exigiu respeito.