
O Flamengo entrou em rota de colisão com o Estrela Amadora, de Portugal, por conta de dívidas ainda não quitadas envolvendo as transferências dos jogadores Igor Jesus e André Luiz. Na última terça-feira (9), o clube brasileiro publicou uma nota oficial acusando os portugueses de manobras jurídicas para adiar os pagamentos. A resposta veio no dia seguinte, com duras críticas à gestão rubro-negra.
O embate, que já se arrastava nos bastidores da FIFA, ganhou novos contornos após a ida do Estrela à Corte Arbitral do Esporte (CAS), o que resultou na suspensão temporária do prazo final para pagamento, originalmente fixado em 29 de junho.
Estrela acusa Flamengo de agir acima da lei
Em comunicado oficial, o Estrela Amadora partiu para o ataque e direcionou críticas pesadas ao presidente rubro-negro, Luiz Eduardo Baptista. Para os portugueses, o Flamengo tenta pressionar a justiça esportiva por meio da imprensa e adota postura incompatível com sua grandeza histórica.
“O presidente do Flamengo e o próprio clube parecem considerar-se acima da lei”, começa o texto. Em seguida, o clube afirma que o Flamengo tenta impedir que adversários utilizem mecanismos legais legítimos para se defenderem.
E a frase que mais gerou repercussão veio na reta final do comunicado:
“Essa postura pouco dignifica a imagem de um clube que, até há pouco tempo, era respeitado internacionalmente”.
A provocação foi entendida por muitos como um ataque direto à reputação do clube sob a atual gestão. O Estrela ainda completou:
“Não colocamos os nossos interesses pessoais acima da justiça desportiva, nem utilizamos antigos parceiros como instrumentos de manobra para disputas políticas internas”.
Venda, calote e revenda: entenda a disputa
Em 2024, o Flamengo vendeu os jovens André Luiz e Igor Jesus ao Estrela Amadora por €500 mil e €2 milhões, respectivamente — o equivalente a cerca de R$ 15 milhões na cotação da época. Apesar do contrato firmado, os valores nunca foram pagos.
O clube português, inclusive, revendeu os dois atletas em 2025: Igor Jesus foi para o Los Angeles FC por €4 milhões, e André Luiz foi negociado com o Rio Ave, também de Portugal, por €2,2 milhões. No total, arrecadou R$ 38 milhões — e ainda assim, não quitou a dívida original.
O Flamengo, diante do calote e da revenda sem repasse, acionou novamente a FIFA, exigindo o valor integral e mais participação nas vendas subsequentes. A estimativa é de que o Rubro-Negro tenha direito a mais de R$ 35 milhões.
Flamengo mantém pressão e promete não recuar
Na nota publicada no dia 9, o clube carioca foi direto ao acusar o Estrela de agir de má-fé:
“Mesmo após diversas decisões favoráveis ao Flamengo na FIFA, incluindo condenação formal em abril, o clube português segue inadimplente”, declarou.
A diretoria rubro-negra também classificou a ida do Estrela ao CAS como uma tentativa clara de protelar ainda mais o pagamento, e prometeu seguir atuando de forma firme para garantir os valores devidos.
Conflito escancara nova postura da diretoria
Essa disputa internacional escancara a mudança de perfil na gestão do Flamengo. Sob o comando de Bap, o clube tem adotado um tom mais firme e combativo, principalmente em questões contratuais e jurídicas. A ordem é clara: nenhuma dívida contra o Flamengo ficará impune.
Enquanto isso, o Estrela joga para a torcida e tenta reforçar o discurso de que está apenas utilizando os meios legais disponíveis. Mas a frase final da nota portuguesa segue repercutindo:
“Essa postura pouco dignifica a imagem de um clube que, até há pouco tempo, era respeitado internacionalmente”.