
A iminente contratação de Jorge Carrascal pelo Flamengo continua gerando debate nos bastidores da Gávea. Desta vez, foi Diego Lemos, ex-vice-presidente de gabinete da gestão Landim e integrante do Conselho de Futebol, quem trouxe uma análise detalhada – e crítica – sobre a possível chegada do meia colombiano.
Em seu perfil no X, Lemos começou sua argumentação questionando o custo da negociação:
“Não acredito que o Carrascal saia por menos de €15MM da Rússia. E se vale ou não, é relativo. O mercado precifica, você negocia e tem que tomar a decisão. Quando o jogador dá retorno, foi barato. Quando decepciona, foi caro. É do futebol. Nenhum clube vai acertar em todas as contratações e a eficiência está em ter um bom índice de assertividade”, escreveu.
Perfil de Carrascal acende sinal de alerta
Apesar do talento técnico de Carrascal, o ex-dirigente expôs os motivos pelos quais o meia nunca havia sido contratado em gestões anteriores.
“Jorge Carrascal sempre esteve no hotlist do Flamengo tecnicamente, mas com alguns pontos de atenção que travavam o investimento. O principal deles é que não havia se firmado por muitos lugares onde passou (série B da Espanha, Ucrânia, no próprio River, na Rússia)”, questionou.
Segundo Lemos, a experiência do Flamengo com jogadores vindos de ligas de menor expressão também pesa:
“Pela experiência que o Flamengo tem com atletas, normalmente é mais difícil jogar aqui que em ligas de menor expressão”, afirmou.
Comparação com Alcaraz evidencia incoerência
O maior questionamento, segundo ele, é de ordem estratégica. Lemos relembra a recente saída de Carlos Alcaraz, jovem que atuou na elite europeia e deixou o clube antes mesmo de ser efetivamente utilizado.
“O que o torcedor do Flamengo tem que questionar é a decisão estratégica do clube no mercado. O Flamengo acaba de se desfazer do Alcaraz, jogador que só jogou em liga de elite (Premier League, Serie A Italiana, além de ser destaque na Argentina), com 22 anos de idade, ainda em idade de evolução e valorização, que faz diversas funções no meio, considerado um jogador de alta intensidade (comprado 2 vezes pela Premier League) e com possível ganho financeiro por ser jovem”, ponderou.
A crítica é direta à troca de um ativo com potencial de valorização por um jogador mais experiente e com mercado mais restrito.
“Para trazer um meia de 27 anos que, apesar da boa qualidade e de vir de uma boa temporada, oscilou muito a carreira inteira (acho que vale a pesquisa do que pensa a torcida do River sobre ele) e nunca teve investimento maior que €3,5MM no seu passe. Na letra fria da comparação, tem valor de mercado bem inferior ao Alcaraz. Esse deveria ser o questionamento”, escreveu.
“Qualquer análise no meio indica que Carlos Alcaraz, com sua juventude, experiência em ligas de elite e maior valor de mercado, representa um investimento melhor tecnicamente, mais estratégico e promissor. A decisão do Flamengo de abrir mão dele e direcionar os mesmos ou mais recursos para a contratação de Carrascal é, no mínimo, bem questionável”, completou.
Futebol não é ciência exata, mas análise importa
Mesmo apresentando uma análise objetiva, Lemos ponderou que previsões não garantem desempenho dentro de campo.
“O próximo passo da carreira do Alcaraz, provavelmente, é ser comprado por um dos grandes da Premier League. A carreira do Carrascal não indica essa curva de evolução. Agora, isso tudo é análise prévia de acordo com o lastro da carreira, os dados e o histórico. O futebol não é ciência exata”, disse.
Ele também reconheceu que muitos atletas surpreendem positivamente, enquanto outros decepcionam mesmo com boas credenciais.
“Tem jogador que joga em diversos lugares, mas no Flamengo não. E tem jogador de que pouco se espera e vira. Os dados e o histórico servem para embasar tomadas de decisão. Se o Carrascal vier, que tenha no Flamengo o melhor momento de sua carreira e faça valer em campo o investimento”, atentou.
Reconhecimento à gestão passada e voto de confiança

Por fim, Diego Lemos lembrou que boa parte do elenco atual do Flamengo foi montada durante sua gestão, e desejou acertos à nova diretoria:
“A gestão errou muito também. Mas houve muitos acertos. Os 11 titulares e os jogadores que mais jogaram esse ano chegaram na gestão passada. Além do treinador. E que a diretoria atual acerte muito também. Bom para o Flamengo”, encerrou.