
O presidente do Flamengo, Luiz Eduardo Baptista, se manifestou sobre o movimento da CBF para debater a criação de um sistema de fair play financeiro no futebol brasileiro. Embora tenha apoiado a pauta, o dirigente criticou o caminho adotado pela entidade máxima do futebol nacional. Segundo ele, o debate deveria acontecer dentro da Comissão Nacional de Clubes (CNC), grupo recém-formado com representação oficial dos próprios clubes.
“O Flamengo está levando esse assunto muito a sério e, para ser honesto, com um certo nervosismo. Temos algumas pendências, como Estrela Amadora, Leixões e Internacional. A lentidão do CNRD (Comissão Nacional de Resolução de Disputas) é notável, sendo até mais demorada que o CAS (Corte Arbitral do Esporte) para resolver algumas questões”, disse Bap.
Flamengo lida com calotes e lentidão da Justiça esportiva
O dirigente mencionou dívidas significativas que o Flamengo ainda tenta receber. Entre elas, o valor pendente do Internacional, que já chegou a 1,2 milhão de euros (R$ 7,6 milhões). Em 2024, o clube gaúcho devia 250 mil euros ao Flamengo, mas o valor cresceu com juros e correções devido à demora na resolução do caso pela própria CNRD.
Outro exemplo citado foi o do Estrela Amadora, de Portugal, que já foi condenado pela FIFA a pagar € 2,5 milhões pelas transferências de Igor Jesus e André Luiz. Porém, o clube europeu entrou com recurso no CAS e conseguiu adiar o prazo de pagamento, gerando atritos públicos entre as partes.
CBF cria grupo para debater modelo de fair play financeiro
Na semana passada, a CBF anunciou a formação do grupo batizado de Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), que ficará encarregado de estudar modelos e propor diretrizes de fair play financeiro no Brasil.
A ideia é estabelecer regras que promovam transparência, equilíbrio fiscal e sustentabilidade dos clubes no longo prazo. O grupo será presidido por Ricardo Paulo, vice-geral da entidade, e contará com membros da CBF e representantes das Séries A e B.
Os clubes interessados em participar precisam se manifestar em até cinco dias. A partir da criação oficial do grupo, a comissão terá 90 dias para apresentar um modelo à presidência da CBF.
Para Bap, lugar do debate é a Comissão Nacional de Clubes
Apesar de reconhecer a importância da pauta, Luiz Eduardo Baptista defendeu que a discussão deve partir de dentro da Comissão Nacional de Clubes, que passou a atuar formalmente em maio com nove representantes eleitos, incluindo o Flamengo.
“Eu vejo com bons olhos essa movimentação, mas acredito que esse tema deveria ser discutido dentro da Comissão Nacional de Clubes. Acabamos de formar a CNC, e vamos tratar disso separadamente?”, questionou o presidente do Flamengo.
O dirigente acredita que o grupo criado pela CBF pode ter sido fruto de um desencontro de informações com a nova gestão, mas garantiu que o Flamengo pretende levar a questão à mesa de forma oficial.
“Talvez seja apenas um descompasso da nova gestão, não sabendo o que já havia sido acordado. Mas entendemos que isso é um assunto da Comissão Nacional de Clubes. Com tantas responsabilidades, ainda não conseguimos discutir isso com a CBF, mas pretendo abordar essa questão. E sinto que outros clubes também compartilham desse sentimento.”
Comissão Nacional de Clubes representa os interesses dos times
A CNC foi composta por nove clubes: Flamengo, ASA, Botafogo-SP, Internacional, Fortaleza, Maringá, São Paulo, Vasco da Gama e Volta Redonda. O objetivo do grupo é atuar diretamente na formulação de políticas e decisões que impactam o futebol brasileiro.
Para Bap, discussões estratégicas como o fair play financeiro não podem ser conduzidas de forma paralela ou fragmentada. O presidente rubro-negro defende que os clubes assumam protagonismo nessas decisões e evitem a criação de comissões que apenas diluam responsabilidades sem resultados práticos.