
O Flamengo deu mais um passo importante para reforçar seu caixa em 2024. Em reunião realizada na última sexta-feira (6), o Conselho Deliberativo aprovou a venda de quatro apartamentos pertencentes ao clube no condomínio de luxo Rio By Yoo, localizado na Praia do Flamengo, no antigo prédio do Morro da Viúva. A medida garantirá a entrada de R$ 11,4 milhões nos cofres rubro-negros, mesmo com descontos expressivos em relação ao valor de tabela.
Bap defende venda e alerta para baixa liquidez
Durante a sessão, o presidente Luiz Eduardo Baptista, o Bap, fez questão de defender a aprovação da proposta. Ele apresentou aos conselheiros uma análise detalhada da situação financeira atual do clube e reforçou que manter imóveis desocupados representa um prejuízo silencioso e perigoso em um cenário de juros elevados.
“Um dos piores negócios que você pode ter é imóvel fechado como os que a gente tem. O melhor prejuízo que a gente pode ter na vida é o primeiro. A gente tem que sair rapidamente destes imóveis”, argumentou Bap.
Negócio fechado: valores e condições de pagamento
A venda dos quatro apartamentos custaria R$ 12.919.641, caso seguisse a tabela cheia. Porém, com os descontos concedidos, o clube aceitou reduzir esse valor em R$ 1.486.356. A operação resultará em R$ 11.433.105 líquidos para o Flamengo, após o pagamento de comissões e encargos.
Veja os detalhes de cada unidade:
- 1201 Park: R$ 2.963.677 → vendido por R$ 2.682.401 (à vista)
- 802 Park: R$ 2.908.709 → vendido por R$ 2.726.000 (financiado via banco)
- 1601 Bay: R$ 4.070.020 → vendido por R$ 3.664.000 (à vista)
- 502 Hill: R$ 2.976.995 → vendido por R$ 2.800.900 (financiado via banco)
Os pagamentos incluem sinal de R$ 100 mil por unidade na assinatura. As unidades pagas via financiamento bancário serão repassadas ao clube com atraso em relação às compras à vista.
Desconto de 13% nas 31 unidades restantes
Além da venda das quatro unidades, o CoDe também autorizou a aplicação de 13% de desconto nas outras 31 unidades ainda disponíveis no condomínio. A ideia é acelerar a liquidação dos ativos e transformar imóveis ociosos em fluxo de caixa direto.
Pressão por caixa: Flamengo opera no limite
Bap revelou números preocupantes ao justificar a pressa na liquidação dos bens. O clube hoje opera com apenas 40 dias de visibilidade de caixa — cerca de R$ 116 milhões disponíveis — valor que cobre praticamente um mês das despesas operacionais, que giram entre R$ 1 bilhão e R$ 1,1 bilhão por ano.
“Nós deveríamos ter R$ 300 milhões, R$ 320 milhões em caixa para estar confortáveis. Hoje, com o dinheiro da FIFA que entrou, temos R$ 116 milhões. Isso praticamente paga um mês das nossas despesas. É melhor do que a maioria dos clubes, mas praticamente pagam um mês de despesa. Entendo que no momento a gente vive precisa fazer liquidez. Quanto mais dinheiro a gente tiver em caixa, mais forte nós seríamos financeiros esportivamente”, explicou Bap.
Clube estima perda de R$ 14,5 milhões por demora
O Conselho já havia aprovado a venda das 44 unidades em 2023, com uma projeção inicial de R$ 177 milhões. No entanto, apenas nove apartamentos foram vendidos desde então. A diretoria calcula que a demora resultou em um impacto negativo de R$ 14,5 milhões.
A estimativa considera perdas de R$ 650 mil por unidade em 2023 e R$ 240 mil por unidade em 2024. O clube ainda conta com 35 apartamentos no condomínio — incluindo os quatro atualmente em processo de venda — e projeta uma arrecadação de até R$ 113,2 milhões, caso consiga vendê-los com o novo desconto.
Proposta por todas as unidades foi recusada
O Flamengo chegou a receber uma proposta de R$ 65 milhões para vender as 35 unidades restantes em lote único. No entanto, o valor representava um desconto de 42% sobre o total estimado, o que inviabilizou a negociação naquele momento.