
O Flamengo voltou a se posicionar de forma clara e firme no debate sobre a criação de uma liga independente para organizar o Campeonato Brasileiro. Embora favorável à formação de uma liga única entre os clubes da Libra e da Liga Forte União (LFU), o Rubro-Negro não aceitará assinar o atual pré-acordo (MOU) que envolve cláusulas comerciais e distribuição de receitas de direitos.
O documento, conhecido como Memorando de Entendimento, foi elaborado ao longo dos últimos meses por executivos da Libra e da LFU e já circula entre os clubes das Séries A e B. Ele propõe regras sobre governança, estrutura organizacional e — principal motivo de atrito — um modelo de negociação coletiva e divisão de receitas a partir de 2030, quando encerram-se os contratos atuais com a Globo.
Diretoria do Flamengo se recusa a abrir mão de receitas próprias
Segundo apurado, o Flamengo não concorda com a inclusão de propriedades comerciais no pacote da nova liga, como direitos de transmissão, placas de publicidade, marketing digital nos jogos e até a monetização de projetos próprios, como a FlaTV.
O clube entende que, ao aderir ao modelo proposto, perderia parte considerável de sua receita própria, já que detém hoje uma fatia muito maior que os demais clubes nessas frentes comerciais. Para a diretoria comandada por Luiz Eduardo Baptista (Bap), o Flamengo não está disposto a colocar todo esse faturamento no mesmo pacote de divisão, ao menos neste estágio.
Governança, sim. Divisão de receitas, não agora
Apesar da rejeição ao modelo comercial proposto, o Flamengo mantém postura positiva em relação à formação da Liga, desde que o foco inicial seja restrito à estruturação da governança e modelo jurídico-administrativo da nova entidade.
A ideia do clube é discutir posteriormente a parte financeira e buscar condições mais justas de divisão de receitas, que reflitam o potencial de mercado e engajamento de cada equipe — cenário no qual o Flamengo lidera com folga.
Libra e LFU alinham os detalhes do MOU
Do outro lado, a maioria dos clubes da Libra e da LFU já demonstra aceitação ao conteúdo do MOU, que prevê:
- Negociação coletiva dos direitos comerciais a partir de 2030
- Distribuição de receitas entre cotas fixas, desempenho esportivo e audiência
- Cessão de propriedades como placas, redes sociais e outros ativos de marketing
- Estruturação legal da Liga em até seis meses após assinatura
- Participação de clubes das Séries A e B
O modelo combina elementos das duas frentes e mira um total de 40 clubes signatários.
Postura do Flamengo incomoda bastidores
A recusa do Flamengo em assinar o MOU como está tem gerado incômodo entre dirigentes de clubes envolvidos nas tratativas. Nos bastidores, há quem veja a postura rubro-negra como um entrave para a consolidação definitiva da Liga.
Mesmo assim, o Rubro-Negro mantém sua posição: não aceitará comprometer sua arrecadação sem garantias de uma divisão mais proporcional e sem que o modelo seja debatido com mais profundidade dentro da Comissão Nacional de Clubes.
Bap já deixou claro que o Flamengo pretende seguir no debate pela Liga, mas sem pressa. O clube acredita que uma construção sólida e equilibrada só virá se houver respeito às especificidades de quem investe e fatura mais, como é o caso rubro-negro.