
O Flamengo vive um momento duplo de desafio: em 2024, o clube viu suas receitas com vendas de jogadores despencarem em 74%, mas, ao mesmo tempo, mesmo com aumento significativo da dívida, ainda mantém equilíbrio relativo em comparação a rivais mais endividados. O relatório Convocados Galapagos Outfield 2025 deixa claro que o Rubro-Negro precisa ajustar algumas peças — mas sua capacidade de gerar receita e controlar custos o mantém em situação menos crítica do que Corinthians, Atlético-MG e outros gigantes.
Receitas de transferências despencam 74%
Em 2023, o Flamengo arrecadou R$ 291 milhões com transferências de atletas. Já em 2024, esse valor caiu para R$ 76 milhões, redução de 74%. Essa queda brusca pode ser explicada tanto pela escolha estratégica de preservar o elenco quanto pela falta de ativos jovens valorizados. O relatório aponta: “Flamengo teve redução de 74% em relação a 2023: foram R$ 215 milhões a menos nas receitas em 2024” .
Enquanto rivais como Athletico (R$ 260 mi) e Fluminense (R$ 258 mi) figuraram entre os maiores vendedores, o Rubro-Negro optou por manter seu grupo de jogadores para brigar em todas as competições. Em vez de depender das vendas, o clube reforçou outras fontes de receita recorrente, como TV, patrocínios e bilheteria.
Índice de endividamento: dívida cresce, mas se mantém proporcionalmente saudável
Simultaneamente à queda nas transferências, o Flamengo teve sua dívida bruta elevada de R$ 391 milhões (2023) para R$ 666 milhões (2024), um aumento de 70% . Apesar do salto, é fundamental colocar esse número em contexto: entre os 20 clubes da Série A, o Rubro-Negro ainda ocupa patamar intermediário no ranking de endividamento.
- Corinthians – R$ 2,343 bilhões (+24%)
- Atlético-MG – R$ 2,304 bilhões (+17%)
- Botafogo – R$ 1,210 bilhão (–7%)*
- Cruzeiro – R$ 1,158 bilhão (+44%)
- São Paulo – R$ 1,088 bilhão (+34%)
- Internacional – R$ 959 milhões (+47%)
- Vasco – R$ 851 milhões (+22%)
- Palmeiras – R$ 823 milhões (+77%)
- Fluminense – R$ 822 milhões (+12%)
- Flamengo – R$ 666 milhões (+70%)
- Grêmio – R$ 525 milhões (+19%)
- Athletico-PR – R$ 468 milhões (–5%)
- Vitória – R$ 239 milhões (+64%)
- Fortaleza – R$ 176 milhões (+163%)
- RB Bragantino – R$ 105 milhões (+8%)
- Bahia – R$ 91 milhões (+26%)
- Cuiabá – R$ 32 milhões (+855%)
- Atlético-GO – R$ 16 milhões (+700%)
- Criciúma – R$ 15 milhões (+786%)
- Juventude – R$ 1 milhão (–98%)
Vale destacar que, em termos proporcionais, o Flamengo manteve sua dívida em patamar inferior ao de clubes que faturam menos de R$ 1 bilhão anuais — como Corinthians e Atlético-MG, que possuem dívidas superiores a R$ 2 bilhões cada. Assim, mesmo com aumento de 70%, o clube sustenta um endividamento mais “equilibrado” quando comparado à sua receita total (R$ 1,287 bilhão em 2024).
Gestão enxuta e foco em receitas recorrentes
Enquanto rivais aumentam em média 30–50% suas dívidas, o Flamengo propõe-se a controlar custos e gerar caixa de forma recorrente. A queda de 74% nas transferências não gerou um rombo contábil porque o clube:
- Elevou receitas de Direitos de Transmissão (R$ 454 milhões, maior da Série A).
- Manteve receitas comerciais robustas (R$ 418 milhões em publicidade e patrocínios).
- Faturou R$ 166 milhões com bilheteria e sócio-torcedor.
Esse mix equilibrado protege o clube de oscilações bruscas no mercado de transferências. O relatório enfatiza: “O Flamengo não depende mais da venda de jogadores para fechar as contas, ao contrário de outros clubes da Série A” .
Decisões de bastidor garantem estabilidade
A diretoria do Flamengo se mantém firme em decisões estratégicas:
- Evitar vendas precipitadas para não enfraquecer o time.
- Negociar contratos de longo prazo com patrocinadores e TV.
- Controlar a folha de pagamentos, mantendo salários condizentes com receitas.
- Apostar em categorias de base para reduzir gastos com contratações.
Essa filosofia se reflete em relatórios financeiros: enquanto alguns rivais entram em colapso, o Flamengo segue competitivo, investe em infraestrutura e sustenta perspectivas de crescimento.
Conclusão: equilíbrio é a palavra-chave
A combinação entre queda de 74% nas receitas de transferências e aumento de 70% na dívida bruta poderia ser desastroso para muitos clubes. Porém, o Flamengo equilibra seus números por meio de receitas robustas em TV, patrocínios e bilheteria, além de forte controle interno.
Em 2024, o Rubro-Negro reforçou que não é refém do mercado de vendas e que sua dívida, mesmo em alta, permanece proporcionalmente menor do que a dos principais rivais. Esse equilíbrio mostra que a gestão atua de forma profissional e alinhada aos interesses de longo prazo.