
O Flamengo segue como referência absoluta quando o assunto é poder financeiro no futebol brasileiro. A afirmação, desta vez, veio do próprio coração do projeto da SAF do Atlético-MG. Em entrevista coletiva realizada na manhã deste sábado (7), na Arena MRV, Rafael Menin — um dos principais investidores do Galo — deixou claro que nenhum clube nacional consegue competir com o Rubro-Negro em termos de estrutura econômica e capacidade de manter elencos robustos.
Atlético admite que só o Flamengo tem elenco completo
Menin reconheceu que o Atlético não consegue mais manter 30 atletas no mesmo nível técnico. E apontou o Flamengo como a única exceção entre os clubes do país.
“Comparando os números de 2024 com os de 2020, o gasto por atleta aumentou bastante. Hoje, estamos enfrentando dificuldades para manter um elenco com 30 jogadores. Isso é algo que se fala muito, ‘ah, o Atlético não tem 30 jogadores do mesmo nível’. E, de fato, não temos, e não será possível ter isso no futuro. Para mim, o único clube que consegue isso atualmente é o Flamengo”, disse o dirigente.
Segundo ele, a inflação no futebol foi muito maior do que o previsto. Os salários e os custos de aquisição de jogadores dispararam nos últimos cinco anos. Veja no vídeo abaixo:
Salários dobraram em cinco anos, diz Menin
O dirigente da “Galo Holding” deu um exemplo direto sobre o impacto dessa escalada de valores:
“O futebol brasileiro passou por uma inflação brutal nos últimos cinco anos. O salário de um jogador, sem citar nomes, mas um atacante que se destacava e ganhava 600 mil [reais] quando começamos este projeto, hoje, para o mesmo perfil, você vai ter que pagar um milhão ou mais. O futebol ficou muito mais caro. Isso, na verdade, não foi um erro, mas algo que não previmos no nosso planejamento, que o futebol se tornaria tão caro. Isso se aplica tanto a salários quanto à compra de direitos federativos”, completou.
Portanto, mesmo com o alto investimento em folha e contratações, Menin deixou claro que ficou mais difícil montar um time realmente competitivo, com elenco profundo e de qualidade uniforme.
Comparações com rivais e o peso da base
O dirigente foi além: colocou outros gigantes do futebol nacional na mesma prateleira de dificuldade. Ele citou São Paulo, Internacional, Botafogo e os clubes gaúchos como exemplos de equipes que não têm como manter elencos do mesmo nível em todas as posições.
Por isso, destacou a importância de investir na base como forma de suprir lacunas e manter equilíbrio interno. O Galo, segundo ele, precisa apostar nos jovens para compor o plantel e buscar esse equilíbrio financeiro sem perder competitividade.
Planejamento atual do Atlético é mais conservador
Apesar dos desafios, Menin garantiu que o Atlético seguirá ativo no mercado, mas com responsabilidade. A intenção do clube é realizar contratações pontuais e evitar gastos descontrolados.
“Não será em abundância. Fizemos uma janela agressiva no começo de 2025. Agora, vamos buscar ajustes no elenco com responsabilidade. Pode ser que a gente perca duas ou três peças e que cheguem outras duas ou três”, afirmou.
Flamengo é exemplo até para concorrentes
O mais interessante é ver como o Flamengo virou espelho para os principais rivais. Enquanto o Rubro-Negro mantém um elenco estrelado, com capacidade para disputar títulos em todas as frentes, os concorrentes ainda tentam encontrar o equilíbrio entre dívida, investimento e elenco.
No atual cenário, é praticamente unânime: o Flamengo joga outro campeonato fora das quatro linhas. E quando até um dos homens fortes da SAF do Atlético-MG admite isso em público, não há muito o que contestar.